As ruas não são pavimentadas, a água não está encanada e o comércio é inexistente nesta "cidade" em que casas são ninhos, troncos e copas de árvores e moradores são aves, répteis ou mamíferos. Assim é o Parque Estadual do Prosa, com mais de 135 hectares, um recanto da natureza dentro de Campo Grande.
A população varia de cobras sucuris, jiboias, corais e jacarés a emas, socós, gaviões e andorinhas. Encontradas com frequência em alguns pontos da Capital, as capivaras também fixaram residência no parque, e não só elas, como também tamanduás, macacos, lobinhos, veados, morcegos e outras espécies.
Como a cidade é "privativa", os humanos precisam de autorização para entrar lá, mas vez ou outra, os animais "pulam a cerca" que delimita a reserva e se aventuram na ''cidade vizinha'', por entre as estruturas de concreto que formam os prédios da Assembleia Legislativa e as secretarias de Estados. Isso porque, o Parque do Prosa está situado no Parque dos Poderes, onde se concentram os órgãos da administração estadual, incluindo a governadoria.
Essas "escapulidas" dos animais ocorrem com maior frequência durante os feriados e fins de semana, quando os prédios estão fechados, mas ocasionalmente é possível ver o "transporte público" dos bichos percorrendo as ruas do parque, como é o caso dos quatis que carregam filhotes, segurando-os pela boca, ou nas costas.
Em tempos de crise, eles também deixam a cidade de origem em busca de comida. Nas lixeiras do Parque dos Poderes, é onde encontram restos de salgado e de doces, com que "enganam o estômago". Um perigo!, conforme explica a bióloga Nara Pontes, coordenadora do Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (Cras)."Se eles sabem que tem comida lá, eles vão. As aves comem chiclete e pode grudar no bico. Outros não tem as enzimas para quebrar determinado alimento", explicou.
CLUBE E HOSPITAL
Mas quando o assunto é diversão, os animais não precisam atravessar as ruas. Nos dias mais quentes do ano, os bichos recorrem ao 'clube' e divertem-se na nascente do córrego Prosa. No mesmo local, é possível descansar sob a sombra de Jatobás ou observar as flores e frutos dos Jaborandis do Parque.
Quando ficam doentes, os bichos têm à disposição o Cras. Por lá, ficam animais que foram vítimas de atropelamento, do comércio ilegal e até do abandono. O tempo de "internação" varia de acordo com o estado de saúde e da localização da nova residência deles.
http://www.correiodoestado.com.br/cidades/cidade-dos-animais-a-capital-da-fauna-do-parque-estadual-do-prosa/249402/
Biodiversidade:Fauna
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