Convênio vai reforçar desenvolvimento na Ilha do Bananal

GM, Rede Gazeta do Brasil, p. B14 - 17/11/2003
Convênio vai reforçar desenvolvimento na Ilha do Bananal

Ivonete Motta

Palmas, 17 de Novembro de 2003 - Um convênio firmado entre o Instituto Ecológica, com sede em Palmas, e a Conservation International Brasil (CI) vai reforçar as iniciativas de desenvolvimento sustentável voltadas para as comunidades do entorno da Ilha do Bananal. A parceria também pretende abrir uma frente que pode resultar em diversas pesquisas sobre a biodiversidade na parte norte do Cerrado brasileiro, ainda desconhecido da ciência. O presidente do Instituto Ecológica, Dilvado Rezende explica que o convênio prevê o levantamento das áreas prioritárias para preservação e desenvolvimento sustentável naquela região, um trabalho que será desenvolvido pela Universidade Federal do Tocantins (UFT) por meio do geoprocessamento de dados.
Rezende enfatiza que a idéia é reunir em um mesmo grupo governo, universidade, organizações não governamentais e sociedade civil, no processo de planejamento das unidades de conservação como o Parque Nacional do Araguaia, Parque Estadual do Cantão e Área de Preservação Ambiental do Cantão. Um trabalho que deve começar pelo levantamento sobre a fauna e flora existentes, ainda desconhecidos do ponto de vista científico e que se constituem em um vasto campo para pesquisa.
Embora o convênio não contemple um volume específico de dinheiro é certo que a Conservation International irá financiar o desenvolvimento desse projeto que será coordenado pela Ecológica e contará com a participação de outras entidades como a UFT, Centro Universitário Luterano de Palmas (Ceulp/Ulbra), Universidade do Tocantins (Unitins), órgãos públicos como o Ibama, Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins) e as prefeituras que estão na área de influência das unidades de conservação.
Rezende acredita que no período de um ano do convênio surgirão vários produtos, dentre eles a indicação dos corredores ecológicos do Araguaia, ou seja, as áreas que devem ser preservadas ou voltadas à preservação e o desenvolvimento de experiências sobre sistema agroflorestais nas comunidades. As duas entidades pretendem trabalhar a junção de dois conceitos inovadores criados por elas: o carbono social desenvolvido de forma pioneira pela Ecológica no Tocantins, no seu projeto de seqüestro de carbono na Ilha do Bananal, e de os corredores de biodiversidade propostos pela CI.
O diretor de Política Ambiental da Conservation International, Paulo Gustavo do Prado Pereira assegura que a entidade quer ampliar sua participação na região, isso porque o Norte do Cerrado brasileiro é uma das áreas mais desconhecidas para a ciência. Nesse caso, compreende-se o Estado do Tocantins, Norte de Mato Grosso, Sul do Maranhão e Oeste da Bahia, além de uma pequena faixa de terra no Piauí. "É do nosso interesse que exista um sistema capaz de resguardar a biodiversidade atrapalhando o mínimo possível o desenvolvimento", assegura ele.
Prado Pereira refere-se à ocupação da última fronteira agrícola do Cerrado que avança a passos largos. Essas áreas começaram a ser ocupadas no início da década de 70 pela pecuária, no começo dos anos 80 pela agricultura, notadamente a soja, e recentemente revelou potencial para gerar energia elétrica. Prado Pereira acredita que o trabalho proposto pode demonstrar que é possível a convivência equilibrada entre meio-ambiente e desenvolvimento.
Segundo ele, o levantamento pretende comprovar o valor científico das possibilidades de pesquisa existentes e a partir daí chamar a atenção de organismos públicos e privados para desenvolver projetos e conservação e desenvolvimento sustentável.
A CI já participou de outra frente de trabalho no Jalapão, desenvolvido em parceria com o Sebrae e Secretaria de Planejamento, que resultou na realização de um inventário sobre as potencialidades daquela região.
Esse trabalho foi interrompido até que o governo estadual defina o novo desenho do Parque Estadual do Jalapão, cujos estudos encontram-se em fase de conclusão. A partir de então, a CI pretende elaborar um projeto de desenvolvimento comunitário que integre os interesses das populações tradicionais e a necessidade de conservação da área.

GM, 17/11/2003, Rede Gazeta do Brasil, p. B14
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