Uma viatura do Ibama foi incendiada dentro da Floresta Nacional do Bom Futuro, em Rondônia, na sexta-feira (3). Três dias antes, uma carta anônima foi deixada na Superintendência do órgão, em Porto Velho, com ameaças a agentes que participam de uma megaoperação com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Força Nacional e Exército para remover boi pirata e multar crimes ambientais na reserva. A direção do ICMBio repudia os ataques e dá todo o apoio aos servidores que participam da operação.
Segundo a Coordenação de Proteção do ICMBio, a direção do Instituto prepara uma carta para ser divulgada, em conjunto com o Ministério do Meio Ambiente e demais órgãos que integram a operação. No documento, serão reafirmadas a importância da preservação da Floresta Bom Futuro e a continuidade das ações de retirada do gado pirata. A operação teve início em maio e conta com a participação de cerca de 400 homens, sendo 34 do Instituto Chico Mendes.
De acordo com o superintendente do Ibama em Rondônia, César Guimarães, o ataque à viatura ocorreu na sexta-feira. O carro estava quebrado em uma fazenda dentro da floresta nacional. Um grupo foi até o local durante a madrugada e incendiou o veículo. Como não havia agentes do órgão ambiental por perto, não houve confronto.
A reserva tem cerca de 3 mil moradores, mais de 30 mil cabeças de gado e cerca de um quarto de sua área já foi desmatada. O Ibama e o ICMBio estão multando produtores e notificando-os para que retirem seus bois da unidade de conservação.
INSATISFAÇÃO - Produtores da região estão insatisfeitos porque a operação segue multando irregularidades ambientais, mesmo após o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, chegar a um acordo com o governador de Rondônia, Ivo Cassol, para entregar parte já devastada da reserva federal ao estado, permitindo que os moradores permaneçam, e endurecendo o controle em partes ainda conservadas para evitar que o desmatamento se expanda.
A Coordenação de Proteção do ICMBio e a Superintendência do Ibama explicam que o acordo firmado pelo ministro é um protocolo de intenções que precisa de aprovação do Congresso. Enquanto isso, destaca César Guimarães, os órgãos ambientais seguirão executando ordem da Justiça Federal para retirar o gado da reserva. "Se recuarmos, estaremos descumprindo ordem da Justiça e posso inclusive ser preso por isso", argumenta.
Na terça-feira (30), relata Guimarães, uma carta com ameaças foi entregue na Superintendência do Ibama em Porto Velho fazendo menção à ação em Bom Futuro. "Eles que não se arrisquem andarem (sic) por lá tem muita gente com vontade de resolver isso na bala", diz a carta, em referência a três agentes ambientais. "O bom futuro vai virar um mau futuro", afirma a mensagem, assinada por um suposto "morador revoltado".
O superintendente do Ibama informa que a Polícia Federal abriu inquérito para investigar a autoria da carta. Embora tenham a mesma motivação, não há evidência, por enquanto, de que o ataque à viatura e o bilhete tenham sido feitos pelas mesmas pessoas.
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